Conheça mais abaixo o caso de Lucía Pérez, uma adolescente de 16 anos que foi drogada, estuprada e morta por empalamento no balneário de Mar del Plata (Argentina) no sábado (15-10). Suspeita-se que ela tenha sido vítima de uma gangue de traficantes.
O crime hediondo chocou a Argentina, especialmente por ter ocorrido uma semana após uma grande manifestação de mulheres contra a violência na cidade de Rosário.
"Nunca vi um conjunto de fatos tão aberrantes", diz a promotora Maria Isabel Sánchez, que cuida do caso.
A história de Lucía só fez aumentar a sensação de insegurança e a percepção de crescimento do poder do narcotráfico entre os argentinos. Isso apesar de a Argentina ser um país com um dos menores índices de homicídios da América Latina - 8,8 por 100 mil habitantes em 2013 (o Brasil, por exemplo, registrou índice de 25,8 por 100 mil em 2014).
Mar del Plata é a cidade argentina com mais casos de exploração sexual na Argentina |
"A menina foi à casa voluntariamente e lá foi atacada", disse Sánchez.
A Justiça argentina pediu ainda a prisão preventiva de um terceiro suspeito. De acordo com a polícia, o mesmo carro usado para deixar a menina no hospital foi visto próximo à escola.
Preocupação com insegurança
Pesquisas recentes revelam que a insegurança se transformou na principal preocupação dos argentinos. E a violência de gênero está no centro do problema: estatísticas do Ministério da Segurança mostram que crimes sexuais aumentaram 78% entre 2008 e 2015.
O Registro Argentino de Feminicídios, órgão do governo criado em 2015 após uma grande marcha contra a violência contra a mulher, estima que duas de cada dez mulheres assassinadas na Argentina tenham feito queixas prévias sobre violência.
A Argentina tem, de acordo com estatísticas oficiais, um dos maiores índices de tráfico humano da América do Sul.
"Mas não podemos encarar casualmente o fato de que Lucía foi violada e morta em Mar del Plata, onde já se mataram mulheres impunemente para proteger as redes de tráfico de mulheres", disse, em comunicado no Facebook, a ONG Ni Una Menos (Nem uma a menos, em português), que denuncia casos de violência contra a mulher na Argentina.
Com 600 mil habitantes, Mar del Plata é o município argentino com o maior número de condenações por exploração sexual.
A publicação, com quase duas mil curtidas em apenas 24 horas, também convoca organizações de gênero para uma paralisação de mulheres nesta quarta-feira (19-10-16).
"Vi mil coisas na minha carreira, mas nada igual a isso. Sei que não é muito profissional dizer isso, mas sou mãe e mulher", afirma a promotora.
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