As cirurgias plásticas existem desde
a antiguidade. Elas surgiram como uma alternativa para reconstrução de partes
do corpo humano e, mais tarde, elas também passaram a servir como um
procedimento estético.
Os primeiros registros da história da
cirurgia plástica na humanidade datam mais de dois mil anos antes de Cristo.
Papiros vindos da Índia relatam técnicas rudimentares de reconstrução de partes
do corpo, principalmente de cirurgias do nariz, por conta das mutilações que
serviam como castigo para os hindus.
O avanço durante as Guerras
Séculos depois dessas práticas
indianas, a eclosão das Guerras Mundiais fez com que surgissem grandes avanços
no ramo cirúrgico. A necessidade de cirurgia em soldados e civis afetados por
bombas, tiros e desmoronamentos fez com que a prática evoluísse e, por
consequência, surgisse a especialização de cirurgiões em reparações corporais e
faciais.
O médico neozelandês Harold Gillies
foi pioneiro no ramo da cirurgia plástica. Gillies ficou comovido com a
realidade social dos ex-combatentes que retornaram da Grande Guerra. Os
soldados não conseguiam se reintegrar à sociedade, pois eram considerados
monstros por conta de suas cicatrizes, o médico então buscou soluções para
amenizar o problema e acabou por revolucionar a medicina. Costumeiramente, as
feridas abertas eram simplesmente costuradas o que originava cicatrizes
horríveis, porém, a partir das intervenções de Gillies, os soldados começaram a
ter suas cicatrizes melhoradas.
Dr. Harold Gillies
O médico obteve uma permissão para
ocupar quase mil leitos em diversos hospitais da periferia de Londres, desta
forma, Gillies começou a recrutar a sua equipe, mandando cartas de convite não
apenas para médicos, mas também para desenhistas, escultores e fotógrafos.
O médico percebeu que seriam
necessários profissionais das mais diversas áreas que, além de talentosos,
também fossem extremamente criativos. Ele precisava de uma equipe capazes de
esculpir rostos a partir de carne viva.
A Primeira Cirurgia
A Primeira Cirurgia Plástica Facial
foi realizada na em 1917. No entanto, o desafio do time foi encontrar maneiras
de cultivar tecido para preencher as lacunas causadas por explosões.
Gillies desenvolveu então uma técnica
que consistia na retirada de um tubo de pele saudável de um local não atingido
– geralmente peito ou costas – para então conectar uma das extremidades do tubo
ao local em que o transplante seria realizado, tudo isso para não interromper o
fluxo sanguíneo.
Técnica de Gillies
Assim, depois de algum tempo, a pele
se regenerava naturalmente no local onde ela tinha sido inicialmente retirada
ou perdida, e o tubo podia ser removido.
Essa técnica foi amplamente aplicada
e melhorada por Gillies nos anos seguintes, principalmente porque diminuía
drasticamente o risco de infecções.
Walter Yeo foi o primeiro paciente a
ser submetido a uma cirurgia plástica, foi também o primeiro paciente tratado
por Gillies com essa técnica. Yeo, na época com 25 anos, sofreu um acidente com
uma arma que resultou em profundas queimaduras e na perda das pálpebras
inferiores e superiores.
Walter Yeo
Gillies também foi responsável pela
primeira cirurgia de mudança de sexo feminino para masculino. O procedimento
ainda continua em uso nos dias atuais para construção de pênis em pacientes
transgênero.
Entre os anos de 1917 e 1925 a equipe
do doutor Gillies atendeu cerca de 5 mil pacientes. Apesar dos avanços
desenvolvidos e do esforço da equipe de Gillies, a maioria dos rapazes
continuava gravemente desfigurada mesmo depois de várias cirurgias
reconstrutoras.
Tentativa de reconstrução sem
sucesso.
A equipe registrou a evolução dos
pacientes tratados. Alguns sequer apresentavam melhoras significativas o
suficiente para serem fotografados para os arquivos do hospital.
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