segunda-feira, 28 de setembro de 2020

A vida das famílias que moram em Chernobyl.

Ocorrido em abril de 1986, a tragédia de Chernobyl foi um acidente nuclear catastrófico no reator nº 4 da Usina Nuclear de Chernobyl, ao norte da antiga Ucrânia Soviética. Embora a cidade tenha sido evacuada, como consequência dos altos níveis de radiação, centenas de famílias retornaram ao local e ainda moram por lá.

Apesar das autoridades ucranianas não permitirem, cerca de 150 pessoas vivem na zona de exclusão. As estimativas de vida na região chegam à média de 75 anos de idade. Em entrevista ao portal G1, em 2016, a moradora com até então 78 anos, Evgueni Markevitch explicou não existe um motivo específico que a fez voltar para o local.

"Na realidade não sei por que existem pessoas que desejam viver em Chernobyl. Qual é o seu objetivo? Seguem o que diz o coração? A nostalgia? Quem sabe? Mas eu só quero viver em Chernobyl".

Aos oito anos, Evgueni e sua família se mudaram para a cidade. "Isto nos salvou da fome, podíamos plantar e fazer a colheita dos nossos alimentos", relatou a moradora sobre o possível motivo pelo seu apego a Chernobyl.

A moradora relembra ainda que quando o reator número 4 explodiu em 26 de abril de 1986 ela estava trabalhando. "Era um sábado e logo depois do acidente não sabíamos nada sobre o que havia acontecido. Suspeitávamos de algo porque observamos os ônibus e veículos militares que seguiam para Pripyat".

Após de ter sido retirada da cidade, ela se passou por um marinheiro e também por um policial, com o intuito de retornar a zona de risco. Tempos mais tarde, conseguiu um emprego na área de vigilância de radiações da estação. Apesar de toda contaminação, nunca teve problemas de saúde.

Ainda é possível encontrar na região os chamados "samosely", pessoas que vivem em pequenas casas de campo. O grupo contém ao todo 158 membros, que se alimentam com o que conseguem cultivar em suas hortas, além de receberem mantimentos de funcionários da central nuclear e de alguns visitantes.

Essas pessoas nunca aceitaram terem sido retiradas de seus lares, portanto, mais de mil retornaram após a catástrofe. Apesar de não recomendarem, as autoridades acabaram aceitando a situação.

Em entrevista ao G1, Valentina Kujarenko, com 77 anos na época, afirmou lamentar não poder ver seus parentes com frequência, mas confessa que não se arrepende de ter voltado para casa.

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