Ocorrido em abril de 1986, a tragédia de Chernobyl foi
um acidente nuclear catastrófico no reator nº 4 da Usina Nuclear de Chernobyl,
ao norte da antiga Ucrânia Soviética. Embora a cidade tenha sido evacuada, como
consequência dos altos níveis de radiação, centenas de famílias retornaram
ao local e ainda moram por lá.
Apesar das autoridades ucranianas não permitirem,
cerca de 150 pessoas vivem na zona de exclusão. As estimativas de vida na
região chegam à média de 75 anos de idade. Em entrevista ao portal G1, em 2016,
a moradora com até então 78 anos, Evgueni Markevitch explicou não existe um
motivo específico que a fez voltar para o local.
"Na realidade não sei por que existem pessoas que
desejam viver em Chernobyl. Qual é o seu objetivo? Seguem o que diz o coração?
A nostalgia? Quem sabe? Mas eu só quero viver em Chernobyl".
Aos oito anos, Evgueni e sua família se mudaram para a
cidade. "Isto nos salvou da fome, podíamos plantar e fazer a colheita dos
nossos alimentos", relatou a moradora sobre o possível motivo pelo seu
apego a Chernobyl.
A moradora relembra ainda que quando o reator número 4
explodiu em 26 de abril de 1986 ela estava trabalhando. "Era um sábado e
logo depois do acidente não sabíamos nada sobre o que havia acontecido.
Suspeitávamos de algo porque observamos os ônibus e veículos militares que
seguiam para Pripyat".
Após de ter sido retirada da cidade, ela se passou por um
marinheiro e também por um policial, com o intuito de retornar a zona de risco.
Tempos mais tarde, conseguiu um emprego na área de vigilância de radiações da
estação. Apesar de toda contaminação, nunca teve problemas de saúde.
Ainda é possível encontrar na região os chamados
"samosely", pessoas que vivem em pequenas casas de campo. O grupo
contém ao todo 158 membros, que se alimentam com o que conseguem cultivar em
suas hortas, além de receberem mantimentos de funcionários da central nuclear e
de alguns visitantes.
Essas pessoas nunca aceitaram terem sido retiradas de seus
lares, portanto, mais de mil retornaram após a catástrofe. Apesar de não
recomendarem, as autoridades acabaram aceitando a situação.
Em entrevista ao G1, Valentina Kujarenko, com 77 anos na
época, afirmou lamentar não poder ver seus parentes com frequência, mas
confessa que não se arrepende de ter voltado para casa.
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