Segundo relatos da família, Leonice possuía um comportamento diferente desde muito pequena. Ela chorava e chegava a ficar arroxeada sempre que algum parente exibia para ela uma boneca. Durante o período escolar ela usava sua mediunidade para fazer os bonés dos meninos voarem. Ela conseguia fazer pedras rolarem pelo caminho enquanto ela e os colegas se dirigiam para a escola. Os mais próximos a família pareciam acostumados as “brincadeiras” de Leonice, segundo o relato de Ema, mãe de Leonice.
Mas nem tudo era apenas diversão. Conforme foi relatado na época pelo pai de Leonice, Arnildo Fitz, falecido em 2003 aos 57 anos, no ano de 1987 as coisas começaram a ficar assustadoras. Segundo ele nessa época começaram a aparecer papeis picados em baixo da cama de Leonice, ruídos nas paredes passaram a serem ouvidos constantemente e outras eventos estranhos começaram a acontecer com uma frequência cada vez mais, como por exemplo, a explosão de lâmpadas, baldes de água se moviam e os colchões das camas da família pareciam se contorcer.
Essa época foi particularmente difícil para a família Fitz, pois as pessoas das redondezas começavam a ouvir falar do caso. Existia muita especulação dos populares, que na época chegavam a montar guarda na frente da casa da família Fitz, a respeito da origem dos “poderes” de Leonice.
Primeiro a matéria do jornal Zero Hora, um dos mais influentes do Rio Grande do Sul, e depois uma matéria do programa Fantástico da Rede Globo. Toda essa exposição atraiu ainda mais a atenção das pessoas para Leonice, e para os fenômenos que aconteciam ao seu redor.
Com a exposição exagerada, muitos parapsicólogos e médiuns procuraram a família Fitz a fim de estudar Leonice.
Tratamento de Leonice
Com a proporção que os acontecimentos, e dos boatos acabou provocando a interferência por parte da prefeitura de Santa Rosa, que pediu ajuda ao padre e parapsicólogo Edvino Friderichs que tratou dela até o fim dos anos 80. - O problema é que ela acha graça quando isso acontece, sem levar em conta que se trata de um desequilíbrio físico e psíquico - Ressalta o Padre.
O tratamento consistia em ela conseguir controlar o porão obscuro de sua mente, mas não adiantou. O interlocutor preferido era seu tio-avô Otto Fitz, que percutia as respostas atribuídas com batidas codificadas na parede.
Depois da fama
A grande repercussão que o caso ganhou fez com que Leonice acabasse se retraindo, e sumindo do convívio social por longos anos.
Com o tempo o caso pareceu ter sido esquecido pela grande maioria das pessoas. Leonice trabalhou como doméstica, não parando muito nos empregos. As patroas sempre que descobriam quem era Leonice acabavam demitindo-a por medo do que poderia acontecer. Segundo uma entrevista concedida por Leonice anos mais tarde, numa ocasião, o ferro de passar roupa esquentou, embora estivesse desligado. Em outra, as bocas do fogão a gás se acenderam sem que fossem acionadas.
Leonice não desistiu de tentar levar uma vida normal, casando-se com Armindo Herzog.
Depois do casamento, Leonice começou a dar consultas espirituais por 10 anos. Muitas pessoas vinham de longe para contar a elas os seus problemas e ouvir os seus conselhos.
— Ó, acabei de abrir a nossa casa.
— Não pode. A chave está comigo — protestou o marido.
Ao voltarem, o boquiaberto Armindo deparou com a porta escancarada.
Morte da médium de Santa Rosa
No dia 26 de junho de 2010, aos 35 anos de idade, Leonice Fitz acabou falecendo vítima de um câncer nos ossos.
Em uma das últimas declarações dadas na sua última entrevista, Leonice afirmou:
— Por que tive de ser diferente dos outros?
Ela não gostava de lembrar dos eventos do passado, e de como eles interferiram na sua vida.
Seriam os "poderes" de Leonice uma Fraude?
Pratos decolavam da mesa de jantar, levitavam como disco-voadores, depois se espatifavam contra a parede. Luzes piscavam na roça de milho, mas não eram vaga-lumes. Espíritos apareciam para um bate-papo, comunicando-se por meio de batidinhas e toques, num código morse de arrepiar os cabelos. Cadeiras se arrastavam sozinhas, colchões se retorciam, lâmpadas estouravam fulminadas pelo olhar. Seriam todos esses fantásticos relatos dos familiares e amigos apenas uma fraude?
Uma repórter que presenciou a famosa cena do colchão sendo movido da cama, confessou depois de 23 anos para a RBS TV Gaúcha, que ela só pode entrar no quarto para gravar a cena quando a garota já estava deitada na cama coberta, e que Leonice não saiu da cama até todo saírem do quarto. Possível fraude este fenômeno específico? Pode ser, mas e os outros, testemunhados por centenas de pessoas?
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