A partir das primeiras análises de DNA realizadas nos ossos
encontrados, foi possível identificar que as ossadas faziam parte de grupos
genéticos diferentes, pertencendo a 300 a 800 pessoas. Uma informação curiosa
também foi a de que os indivíduos morreram em diversos períodos da história.
Com a pesquisa, os cientistas destacaram que as ossadas derivavam
de pelo menos três grupos genéticos distintos. O primeiro estava relacionado ao
povo indiano, contando com 23 indivíduos que provavelmente não pertencem a um
único grupo.
Depois, um bando apresenta uma ancestralidade mais típica de
grupos encontrados no sudeste asiático. Também temos os 14 indivíduos que
aparentam ter ascendência direcionada às pessoas que habitavam o mediterrâneo
oriental, como os gregos. Estes foram os que causaram mais polêmica na
análise.
Éadoain Harney, especialista da Universidade de Harvard e
uma das pesquisadoras do estudo, explicou na época em que a pesquisa foi
divulgada: “Ficamos extremamente surpresos com a genética dos esqueletos. A
presença de indivíduos com ancestralidade tipicamente associada com o povo
mediterrâneo sugere que o lago atraía visitantes de outras partes do mundo”.
No entanto, não existe nenhuma explicação histórica para o
que essas pessoas estariam fazendo na região, tão distante de sua localidade
natal. Em fevereiro deste ano, o antropólogo da Universidade de Princeton,
Agustín Fuentes, e o pesquisador Dougla Preston realizaram um webnar onde
debateram essa questão.
Para os cientistas, é possível que os indivíduos sejam de um
grupo que não veio do Mediterrâneo oriental, mas que tinha ancestrais em comum
com essas pessoas. Esse bando em questão inclusive tinha uma alimentação
diferente dos outros indivíduos analisados.
O grupo relacionado aos indianos consumia alimentos
derivados de grãos, cereais, vegetais, legumes e frutas variados. Já os que
supostamente eram ascendentes do mediterrâneo tinham uma dieta com menos
cereais, em contraste.
"Conforme sugerido pelo consumo de uma dieta
predominantemente terrestre, em vez de marinha, eles podem ter vivido em um
local do interior, eventualmente viajando e morrendo no Himalaia. Quer
estivessem participando de uma peregrinação ou fossem atraídos por Roopkund
Lago por outras razões, é um mistério”, explicaram os especialistas.
Não é possível afirmar com certeza o que aconteceu com
aqueles indivíduos, que podem ter vindo de tão longe e morrido perto do lago.
Por meio da pesquisa, foi possível perceber que muitos deles apresentavam
fraturas no crânio, o que pode ter sido causado por um trauma contundente.
O que os pesquisadores podem fazer é apenas sugerir
hipóteses para o que teria causado o óbito daqueles indivíduos — Douglas
Preston inclusive afirma que está preparando uma nova investigação na região
para tentar solucionar essa questão.
A principal tese é a de que eles foram atingidos por
tempestades fortes, que poderiam incluir granizo, enquanto estavam na crista
acima do lago. Muitos teriam morrido de hipotermia ou por exposição e caíram
perto do lago ou rolando morro abaixo ou devido a pequenas avalanches que
acontecem nas encostas.
“Por meio do uso de análises biomoleculares, como DNA
antigo, reconstrução da dieta isotópica estável e datação por radiocarbono,
descobrimos que a história do Lago Roopkund é mais complexa do que jamais
imaginamos”, concluiu o coautor da pesquisa de 2019, David Reich, da Harvard
Medical School.
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ALIENA MUNDI
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