Em maio de 1999, uma garota de 14 anos foi parar numa delegacia
policial em Hong Kong. Ela alegou que, nas últimas semanas, não conseguia
dormir e que estava sendo constantemente atormentada pelo fantasma de
uma mulher que havia sido amarrada por fios elétricos e torturada até a morte.
De início, os policiais ignoraram o caso, achando se tratar de pesadelos
ou bobagens adolescentes. Eles não sabiam que aquele seria o crime mais bárbaro
que ouviriam em todas suas carreiras.
A vida de Fan Man-Yee, de apenas 23 anos, foi sofrida antes mesmo
de seu trágico fim. Quando criança, ela foi abandonada por sua família e criada
em um orfanato local. Sem estabilidade familiar e muito frágil emocionalmente,
desenvolveu um vício em drogas, via na prostituição e em pequenos
delitos a maneira ideal de ganhar dinheiro para sustentar sua dependência.
Em 1997, a jovem começou a trabalhar como anfitriã em uma boate. Apesar
da luta incessante contra o vício, a recaída batia em sua porta. Em um desses
momentos de dificuldade, conheceu Chan Man-Lok, um cafetão e traficante
local que logo a recrutou para seus trabalhos.
Desesperada para alimentar sua compulsão por entorpecentes, Fan
Man-Yee roubou a carteira de Man-Lok e tentou fugir com quase 4
mil dólares. Aquele ato seria crucial para o fim de sua vida. Ele logo mandou
dois de seus capangas, Leung Shing-Cho e Leung Wai-Lun — a
procura da jovem, que foi sequestrada e levada para seu apartamento. Sua
intenção era forçá-la a se prostituir e pegar o dinheiro que ganharia como
pagamento pelo que lhe foi furtado. Em pouco tempo, o plano ficou fora de
controle.
O assassinato
Sob o efeito de fortes drogas, o cafetão e seus subordinados decidiram
que a prostituição forçada seria insuficiente para o pagamento da dívida, e
começaram a torturá-la. A garota foi amarrada e espancada por longas sessões de
martírio. Durante mais de um mês, ela foi submetida a vários horrores, das
maneiras mais perversas que a mente humana seria capaz de imaginar: queimaduras
na pele, longos períodos de estupro e até a ingestão forçada de fezes humanas.
Foi nessa parte da história que a garota de 14 anos conheceu Fan
Man. Ela se relacionava sexualmente com Chan, desfrutando de todo luxo e
estilo de vida que o traficante poderia lhe proporcionar. Em uma de suas
visitas ao apartamento, ela encontrou a jovem amarrada e, a convite dele, participou
de algumas agressões físicas.
Identificada com o pseudônimo de Ah Fong, a menina testemunhou os
mais macabros métodos de tortura, em um deles, Man-Lok chutou por
mais de 50 vezes a cabeça de Man-yee. Ao ser questionada por participar da
tortura, ela disse que “fez por diversão e que queria saber como seria a
sensação de machucar alguém”.
Depois de um mês sofrendo, a jovem finalmente pereceu. Os carrascos
dizem que a mulher havia morrido por uma overdose de metanfetamina que ela
própria administrava, embora muitos considerassem que os ferimentos foram o
real motivo de sua morte. Essa dúvida permanecerá eterna. Isso porque depois de
sua morte, os capangas carregaram o corpo para a banheira do apartamento e a
desmembraram com uma serra.
Algumas partes do cadáver foram cozinhadas para evitar a decomposição
natural e a emissão do cheiro podre da carne. Os restos foram descartados junto
com o lixo da casa. Sua cabeça, no entanto, foi mantida como troféu.
Depois de fervê-la no fogão - e supostamente usarem os mesmo utensílios
utilizados diariamente – eles costuraram seu crânio cozido em uma enorme
boneca.
Além disso, alguns dentes e vários órgãos de Fan Man foram
armazenados em um saco plástico.
O julgamento e as consequências
Em troca da proteção policial – o que só foi plausível pela idade da
jovem – Ah Fong testemunhou contra Chan Man-lok e seus
comparsas. Em busca de se livrar do fantasma que lhe assombrava, a jovem
detalhou todos os momentos de tortura que os três homens participaram. Ambos
foram condenados à prisão perpétua pelo crime, que ficou conhecido como o mais
bárbaro de Hong Kong.
“Nunca em Hong Kong nos últimos anos em um tribunal se ouviu falar da
tanta crueldade, depravação, insensibilidade, brutalidade, violência e
barbaridade”, foram com essas palavras que o juiz Peter Nguyen sentenciou o fim
dos três réus. “O público tem direito a proteção de pessoas como vocês”.
APARIÇÃO DE FANTASMA NO CASO ELOÁ #fantasmas #assombração