terça-feira, 13 de dezembro de 2016

David Hahn: O jovem que construiu um reator nuclear no quintal de casa

Os vizinhos de um pequeno bairro residencial de Michigan não deram muito crédito quando as autoridades chegaram até suas casas solicitando sua saída imediata. As ordens eram claras: 40.000 residentes deviam abandonar o bairro, sem saber se algum dia poderiam regressar a seus lares. O motivo? Seu vizinho, de apenas 18 anos, havia construído um reator nuclear caseiro no galpão do quintal de sua casa, motivo pelo qual o bairro inteiro foi declarado zona radioativa provisionalmente.


Parece o roteiro de um filme de ficção científica, mas foi um acontecimento real que ocorreu em Michigan, em 1996. O responsável por semelhante cena foi David Hahn, um jovem escoteiro de 18 anos que, empenhado em ganhar sua insígnia sobre energia atômica, se deixou levar por seu entusiasmo e inteligência.


Durante mais de um ano, David desenhou e construiu, a partir de peças recicladas e ferro-velho, um reator nuclear na edícula da casa de sua mãe. Ninguém suspeitava de nada, até que foi detido enquanto roubava pneus para seu projeto. Na caixa de ferramentas que levava em seu carro também encontraram materiais radioativos, o que disparou todos os alarmes e se transformou em um caso de assunto prioritário.


A polícia, depois de interrogar o jovem, que explicou com total naturalidade e inocência o que estava fazendo, foi até sua casa. Ali as medições ultrapassavam 1000 vezes a quantidade de radiação permitida. O galpão foi selado e coordenaram uma evacuação imediata de todo o bairro em um raio de 5 quilômetros.

Alguns dias depois, e com a zona do galpão completamente assegurada, permitiram que os habitantes voltassem a suas casas. No entanto, os trabalho de limpeza do material radioativo prolongaram-se durante algum tempo, com um custo altíssimo para a época.

Os quadrinhos e a energia nuclear

David sempre foi um menino calado, com dificuldades para socializar, fazer amigos e com uma grande inteligência. Sempre considerou que o esporte era uma perda de tempo e que a ciência era fascinante. Primeiro foi a astronomia. Encantava-se com os planetas. Sempre pensou que um dia o homem iria a Marte ou uma das luas de Júpiter.


Aos 7 anos, ele leu a revista em quadrinhos do Homem-aranha e Peter Parker, um fotógrafo que conseguiu superpoderes pela picada de uma aranha irradiada de energia nuclear. Desde então, não parou de pensar mais nisso e em suas possibilidades.

Seus pais divorciaram-se quando ele ainda era muito jovem. Seu pai, um engenheiro da General Motors, voltou-se a casar e ficou com a guarda de David. Os fins de semana e feriados, o jovem ficava na casa da mãe, Patty.

A ciência era tudo para ele, e passava os dias fazendo experimentos em casa, até que sua madrasta proibiu tudo, logo após David colocar fogo acidentalmente na casa.

- Eu tinha um pequeno laboratório em meu quarto com um conjunto de química. Estava trabalhando para criar fósforo e acabei criando nitroglicerina, que explodiu. Machuquei a mão esquerda e queimei parte do quarto. Usava óculos e não tive sequelas. Aquele dia foi louco!", declarou David à mídia em 2013.

Após a proibição foi morar na casa da mãe, que amavelmente lhe cedeu a edícula para suas experiências. Ledo engano. Ali começou a fabricar clorofórmio, reações químicas e o isolamento de halógenos. Quando começou com produtos radioativos, tomou precauções e escreveu à sociedade reguladora de energia atômica para aprender como manejar os produtos, mas não levaram muito a sério a petição de um jovem estudante do segundo grau.

Ele fez uma lista das fontes de materiais radioativos para seu reator: descobriu que o Amerício 241 poderia ser encontrado em detectores de fumaça; Rádio 226, nos relógios luminosos antigos; Urânio 238 e Tório 232, presentes em algumas lanternas de gás.



Ele conseguiu mesmo convencer uma empresa para que lhe vendessem dezenas de detectores de fumaça quebrados, afirmando que era professor e que precisava para um projeto de física em sua classe. Assim foi como, pouco a pouco, avançou em seu projeto até o dia em que, por acaso, as autoridades o descobriram.

Vida adulta

Depois da intervenção de seus pais, David não foi processado nem preso. Para dar rédeas a sua imaginação e inquietação, seus pais o alistaram na marinha. Foi enviado a uma missão no Japão, mas as coisas logo deram errado com seu destempero e sucessivas brigas com colegas de farda. Foi colocado em observação e diagnosticado como esquizofrênico paranoide com transtorno bipolar. Depois de um tratamento farmacológico, recebeu a baixa e foi mandado para casa em Michigan.




Em 2007, com 37 anos completos, David foi preso enquanto roubava detectores de fumaça de um bloco de apartamentos. Quando vasculharam sua casa, encontraram 16 detectores e vários outros artefatos radioativos. As autoridades assumiram que estava repetindo seus experimentos.

Desta vez sua ousadia não resultou impune e ficou preso durante 90 dias. Depois de sua passagem pela prisão declarou que estava se sentindo muito bem e com muita vontades de estudar e seguir inventando. Seu objetivo era conseguir inventar uma lâmpada que brilhasse durante mais de 100 anos.

Morte

Seus planos foram prematuramente truncados quando faleceu no passado 27 de setembro. Nem a família, nem as autoridades sanitárias informaram as causas de sua morte, ainda que muitos acham que foi devido à contínua exposição radioativa à que David se submeteu durante quase toda a vida.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Leonice Fitz: A menina Poltergeist.


No ano de 1988 os habitantes da cidade gaúcha de Santa Rosa ficaram estarrecidos por causa de um estranho caso que ocorria no município. Conforme a reportagem do jornal Zero Hora, uma garota de 13 anos de idade, chamada Leonice Fitz, conseguia movimentar objetos com a força da mente, estourar lâmpadas, etc. Na casa em que Leonice morava era com se ouvir ruídos nas paredes. Em pouco tempo a jovem se tornou muito conhecida em toda a cidade, recebendo apelidos como “a menina Poltergeist”.



Segundo relatos da família, Leonice possuía um comportamento diferente desde muito pequena. Ela chorava e chegava a ficar arroxeada sempre que algum parente exibia para ela uma boneca. Durante o período escolar ela usava sua mediunidade para fazer os bonés dos meninos voarem. Ela conseguia fazer pedras rolarem pelo caminho enquanto ela e os colegas se dirigiam para a escola. Os mais próximos a família pareciam acostumados as “brincadeiras” de Leonice, segundo o relato de Ema, mãe de Leonice.


Mas nem tudo era apenas diversão. Conforme foi relatado na época pelo pai de Leonice, Arnildo Fitz, falecido em 2003 aos 57 anos, no ano de 1987 as coisas começaram a ficar assustadoras. Segundo ele nessa época começaram a aparecer papeis picados em baixo da cama de Leonice, ruídos nas paredes passaram a serem ouvidos constantemente e outras eventos estranhos começaram a acontecer com uma frequência cada vez mais, como por exemplo, a explosão de lâmpadas, baldes de água se moviam e os colchões das camas da família pareciam se contorcer.


Familiares e vizinhos afirmavam que todos os relatos eram verdadeiros. Segundo eles o período que marcava a passagem de Leonice da infância para a adolescência foi o mais conturbado. Nessa época tudo parecia ser brincadeira para ela, e Leonice de fato se divertia ao fazer tais coisas, como estraçalhar a louça da família. A garota parecia respeitar apenas a presença do pai, que conseguia fazer a jovem se portar.

Essa época foi particularmente difícil para a família Fitz, pois as pessoas das redondezas começavam a ouvir falar do caso. Existia muita especulação dos populares, que na época chegavam a montar guarda na frente da casa da família Fitz, a respeito da origem dos “poderes” de Leonice.


Primeiro a matéria do jornal Zero Hora, um dos mais influentes do Rio Grande do Sul, e depois uma matéria do programa Fantástico da Rede Globo. Toda essa exposição atraiu ainda mais a atenção das pessoas para Leonice, e para os fenômenos que aconteciam ao seu redor.


Com a exposição exagerada, muitos parapsicólogos e médiuns procuraram a família Fitz a fim de estudar Leonice.


Tratamento de Leonice

Com a proporção que os acontecimentos, e dos boatos acabou provocando a interferência por parte da prefeitura de Santa Rosa, que pediu ajuda ao padre e parapsicólogo Edvino Friderichs que tratou dela até o fim dos anos 80. - O problema é que ela acha graça quando isso acontece, sem levar em conta que se trata de um desequilíbrio físico e psíquico - Ressalta o Padre.

O tratamento consistia em ela conseguir controlar o porão obscuro de sua mente, mas não adiantou. O interlocutor preferido era seu tio-avô Otto Fitz, que percutia as respostas atribuídas com batidas codificadas na parede.

Depois da fama

A grande repercussão que o caso ganhou fez com que Leonice acabasse se retraindo, e sumindo do convívio social por longos anos.

Com o tempo o caso pareceu ter sido esquecido pela grande maioria das pessoas. Leonice trabalhou como doméstica, não parando muito nos empregos. As patroas sempre que descobriam quem era Leonice acabavam demitindo-a por medo do que poderia acontecer. Segundo uma entrevista concedida por Leonice anos mais tarde, numa ocasião, o ferro de passar roupa esquentou, embora estivesse desligado. Em outra, as bocas do fogão a gás se acenderam sem que fossem acionadas.

Leonice não desistiu de tentar levar uma vida normal, casando-se com Armindo Herzog.


Depois do casamento, Leonice começou a dar consultas espirituais por 10 anos. Muitas pessoas vinham de longe para contar a elas os seus problemas e ouvir os seus conselhos.

Em uma matéria publicada em 2010 pelo jornal Zero Hora, pouco tempo antes da morte de Leonice, ela afirmou que seus poderes jamais diminuíram. Nessa matéria ela assegurou que usava seus dotes para curar pessoas com distúrbios, pessoas possessas, que vinham até do Paraguai e da Argentina. Um dos pacientes mais endiabrados foi um rapaz de Porto Mauá, que atearia fogo em galpões tendo por combustível a força do pensamento.

Em 2008 Leonice surpreendeu o marido, o jardineiro Armindo Herzog, 57 anos. Os dois foram ao supermercado, Armindo trancara a porta da casa e metera a chave no bolso. Durante as compras, ela avisou:

— Ó, acabei de abrir a nossa casa.
— Não pode. A chave está comigo — protestou o marido.

Ao voltarem, o boquiaberto Armindo deparou com a porta escancarada.

Morte da médium de Santa Rosa

No dia 26 de junho de 2010, aos 35 anos de idade, Leonice Fitz acabou falecendo vítima de um câncer nos ossos.


Em uma das últimas declarações dadas na sua última entrevista, Leonice afirmou:

— Por que tive de ser diferente dos outros?

Ela não gostava de lembrar dos eventos do passado, e de como eles interferiram na sua vida.


Seriam os "poderes" de Leonice uma Fraude?

Pratos decolavam da mesa de jantar, levitavam como disco-voadores, depois se espatifavam contra a parede. Luzes piscavam na roça de milho, mas não eram vaga-lumes. Espíritos apareciam para um bate-papo, comunicando-se por meio de batidinhas e toques, num código morse de arrepiar os cabelos. Cadeiras se arrastavam sozinhas, colchões se retorciam, lâmpadas estouravam fulminadas pelo olhar. Seriam todos esses fantásticos relatos dos familiares e amigos apenas uma fraude?

Uma repórter que presenciou a famosa cena do colchão sendo movido da cama, confessou depois de 23 anos para a RBS TV Gaúcha, que ela só pode entrar no quarto para gravar a cena quando a garota já estava deitada na cama coberta, e que Leonice não saiu da cama até todo saírem do quarto. Possível fraude este fenômeno específico? Pode ser, mas e os outros, testemunhados por centenas de pessoas?