No meio de extensas plantações de cana de açúcar no sul da Flórida, perto de Pahooke nos Estados Unidos, próximos aos pântanos de Everglades, se localiza a comunidade de Miracle Village, com pouco mais de 200 habitantes, onde quase a metade da população são de ex condenados por crimes sexuais, muitos deles libertados recentemente da prisão ou em liberdade condicional.
A vila é uma comunidade idílica e rural, e a população vive em pequenas casas, com gramados bem cuidados, mas alguns dos seus moradores são criminosos que foram abusadores de menores, às vezes dos próprios filhos, enquanto outros são pedófilos que consumiam material pornográfico infantil, ou tiveram relações sexuais com namoradas menores de idade e alguns poucos condenados por exibicionismo. No entanto, eles são todos considerados criminosos sexuais e devido as severas leis do país, levarão esse estigma pelo resto da vida.
Ser um criminoso sexual no estado da Flórida é mais complicado ainda, devido às leis estaduais, serem mais rígidas que no resto do país. Ao contrário de outros criminosos, quando uma pessoa condenada por crimes sexuais sair da cadeia, seus problemas estão longe de acabar. De acordo com as leis locais, tais pessoas são proibidas de estarem ou morarem a menos de 300 metros de qualquer escola, parques, ou mesmo ponto de ônibus onde possa ter uma criança. Os ex condenados podem viajar para qualquer lugar durante o dia, mas à noite, eles devem estar em um endereço que esteja em conformidade com as restrições de residência. Além disso, quase ninguém está disposto a dar um emprego ou alugar uma casa para as pessoas com tais antecedentes.
Desde 1997, é divulgado pela internet, todos os nomes das pessoas condenadas por esse tipo de crime, com fotos dos condenados. Como resultado, centenas de criminosos na Flórida acabam virando sem-teto, vivendo debaixo de pontes ou se isolando do resto do mundo. Matthew Richey foi condenado quando ainda era menor de idade por ter tido relações sexuais com sua namorada de 15 anos na época. Matthew acredita ser injusto o fato de seu nome aparecer em uma lista composta de 55.000 pedófilos e estupradores e comentou: “Não importa o crime que foram condenados, pois sempre serão tratados como pedófilos e acusados das piores atrocidades, uma vez que não é feita distinção“.
A vila foi criada para dar a esse criminosos uma vida mais digna, mais humana, sem violarem as leis estritas de residência de criminosos sexuais no estado. Originalmente construída em 1960 para abrigar trabalhadores da cana de açúcar, foi convertida em 2009 pelo falecido pastor Dick Witherow, como um refúgio para criminosos sexuais não violentos. O próprio pastor foi acusado de estupro, quando ele era um adolescente, deixando sua namorada grávida na época com 14 anos. Por sorte, o juiz permitiu que os dois se casassem.
Hoje, a vila tornou-se um “porto seguro” para agressores sexuais não violentos. Em torno de dez a vinte novos pretensos moradores chegam a vila a cada semana, onde passam por uma triagem para excluir os que tenham um histórico de violência ou drogas, ou aqueles pedófilos incuráveis e assim proteger as pessoas que já vivem na vila. Pessoas com filhos pequenos ou adolescentes também não são permitidos.
Miracle Village é uma comunidade cristã auto suficiente e dedicada a ajudar os criminosos sexuais a reconstruirem suas vidas, mas os não cristãos são aceitos e bem vindos na igreja. Há programas de controle da depressão, raiva e estudos bíblicos e a maioria dos criminosos sexuais participam de programas de tratamento psicológicos. A maioria dos moradores trabalham nas plantações de cana de açúcar ou têm empregos em cidades locais. Embora a vila seja elogiada por muitos, também é alvo de críticas, especialmente de moradores próximos da vila, muitos dos quais tem medo por ter tantos criminosos sexuais por perto. No entanto, não houve nenhum relato de crime sexuais em Miracle Village desde que foi fundada.