Na década de 1970, na Alemanha, a trágica vida da jovem
Anneliese inspiraria uma das mais famosas obras cinematográficas de terror
Aos 16 anos, Anneliese Michel, uma jovem alemã católica, foi
diagnosticada com epilepsia, após diversos episódios de convulsão, em 1968. A
partir de então, a menina entrou em depressão profunda, tentou suicidar-se
algumas vezes. Porém, o que mais chamava atenção de sua família eram as
alucinações que ela afirmava ter enquanto rezava, falava que ouvia vozes
dizendo que ela estava condenada e iria “apodrecer no inferno”.
A situação da adolescente se agravava a cada dia. Ela passou
a andar nua pela casa, comer insetos, defecar por todos os lugares e beber a
própria urina. A família então decidiu interná-la em uma clínica psiquiátrica.
Por ter vivido a vida inteira no estado de Baviera, na
Alemanha, local conhecido por ser extremamente católico, Anneliese atribuiu sua
condição à possessão demoniaca. Tornou-se, intolerante a objetos e lugares
considerados sagrados. Apesar de tomar inúmeros remédios que buscavam combater
a psicose e até mesmo a esquizofrenia, a jovem afirmava que era constantemente
atormentada pelo que chamava de faces do diabo.
Anos se passaram e Anneliese ficou cada vez mais convencida
de que a medicina não poderia ajudá-la. Em uma peregrinação que passaria por
lugares religiosos, a alemã e sua família marcaram presença. E após o vigário
que acompanhava a vigília testemunhar que a garota não conseguia ficar perto de
nenhum crucifixo e nem beber a água sagrada, como todas as outras pessoas
faziam, eles se convenceram de que se tratava mesmo de uma possessão demoníaca.
“Ela teve que desviar o olhar da imagem de Cristo”, disse o cristão
posteriormente.
A família Michel passou a procurar, sem sucesso, por um
padre que realizasse o exorcismo. Os párocos diziam que a menina deveria
continuar seu tratamento médico e que para a cerimônia de expulsão era
necessária uma autorização de um bispo da Igreja.
Em 1973, a garota estava em seu pior estado físico, com um
corpo esquelético, ela se recusava a comer comida normal e era muito agressiva.
A permissão para que o exorcismo fosse realizado veio quando o padre Ernst Alt
a viu. Prontamente acreditou que a jovem estava possuída por criaturas
malignas.
Dois anos depois, o bispo Josef Stangl concedeu ao padre
Arnold Renz o direito de exorcizar Anneliese, mas pediu que isso fosse feito em
sigilo absoluto. Ao todo foram dez meses de sessões de exorcismo, chegando no
final a 67 encontros, alguns duravam até quatro horas.
O tratamento médico foi abandonado e a família se apoiava
inteiramente nos exorcismos, que se passaram entre os anos 1975 e 1976. Sem
nenhum resultado, a menina parou de se alimentar e declarou em uma sessão que
queria “morrer para expiar os jovens rebeldes da época e os padres apóstatas da
igreja moderna”.
Anneliese Michel morreu em 1 de julho de 1976, em sua casa,
enquanto dormia. A autópsia revelou que a causa da morte foi desnutrição, já
que ela não se alimentava por meses. No mesmo ano, o Estado acusou de homicídio
os pais de Michel, o bispo Ernst Alt e o padre Arnold Renz. Os promotores
afirmaram que a morte da menina poderia ter sido evitada até uma semana antes
do óbito.
Durante o julgamento foram apresentados vídeos do exorcismo
e imagens do estado da adolescente. A Igreja foi condenada a pagar uma multa, e
os pais foram absolvidos por, segundo uma lei alemã, terem “sofrido o
suficiente”.
O caso foi objeto de filmes, livros, e músicas. O mais
famoso deles é a obra de terror: O Exorcismo de Emily Rose.
O EXORCSIMO DE ANNA ECKLUND - O SEGUNDO PADRE SE ARREPENDEU