Há quase 150 anos, o corpo da santa francesa permanece
intacto, intrigando a Igreja, as autoridades e atraindo turistas.
Marie-Bernard Soubirous, conhecida como Santa Bernadette Soubirous, nasceu em 1844, em
Lourdes, na França, mas ainda criança mudou-se com a família para Londres. Por
ser muito pobre, a menina teve uma infância difícil, vivendo com os pais e os
oito irmãos em um edifício abandonado.
Aos 14 anos Bernadette teve sua primeira visão espiritual.
A jovem afirmou ter visto uma senhora iluminada dentro de uma gruta, que ficava
nas margens do rio Gave. As aparições tornaram-se algo comum, até que a menina
teve coragem de perguntar a identidade da mulher que a visitava.
“Eu sou a Imaculada Conceição”. Essa foi a reposta que
Bernadette recebeu da senhora, e foi direto contar para o pároco local, Pe.
Dominique. O religioso ficou espantado, pois a garota não possuía
conhecimentos cristãos, era, inclusive, analfabeta. A possibilidade dela
estar inventando uma experiência, parecia improvável.
Investigações foram realizadas por parte da Igreja, que
cada vez mais acreditava na veracidade da história. Conta-se que em um
determinado momento, uma fonte de água brotou das mãos de Bernadette dentro da
caverna, e continua a jorrar até os dias de hoje.
Foram inúmeros encontros com a Virgem Maria até sua morte,
em 1879. Durante seus anos de vida, a mulher passou por interrogatórios,
intimidações e assédio moral, até que decidiu se isolar em sua cidade natal. No
Hospital das Irmãs da Caridade de Nevers, em Lourdes, Bernadette iniciou sua
jornada como freira, em 1860.
Sua morte foi, em partes, determinada ainda na infância,
quando contraiu cólera e asma. Aos 35 anos, a religiosa faleceu, devido à
tuberculose. Foi então, quando sua vida ganhou outro rumo.
Cadáver incorrupto
Seu funeral foi realizado em 19 de abril de 1879, atraindo
milhares de pessoas em um grande evento. Por causa dos relatos de milagres que
foram atribuídos a Bernadette, em setembro de 1909, ocorreu uma exumação do
corpo. A impressionante situação do cadáver, no entanto, era algo que ninguém
esperava.
“O caixão foi aberto na presença do Bispo e do Prefeito de
Nevers, seus principais representantes e diversos religiosos. Não notamos
nenhum odor. O corpo estava vestido com o Hábito da Ordem a que pertencia Bernadette.
O Hábito estava úmido. Apenas a face, mãos e antebraços estavam
descobertos." "A cabeça estava inclinada para a esquerda. A face
estava lânguida e branca. A pele estava apegada aos músculos e estes apegados
aos ossos. As cavidades oculares estavam cobertas pelas pálpebras[...] Nariz
dilatado e enrugado. Boca levemente aberta e se podia ver os dentes no lugar.
As mãos, cruzadas sobre o peito, estavam perfeitamente preservadas, bem como
suas unhas. As mãos seguravam um terço. Podia se observar as veias no
antebraço”, escreveu Drs. David e Jordan, responsáveis por examina-la.
Passaram-se mais dez anos e outra exumação foi realizada, a
situação do corpo de Bernadette ainda era mesma. Ninguém podia explicar o que
causara o fenômeno. E a fama da religiosa apenas aumentava.
“O corpo não estava em putrefação nem decomposição, o que
seria esperado como normal, após quarenta anos de seu sepultamento”, relatou os
doutores Talon e Comte, com a presença do Bispo da cidade de Nevers, assim como
do Comissário de Polícia e representantes da municipalidade e da igreja.
Com o Papa Pio XI à frente da Igreja Católica, a terceira e
última exumação do cadáver foi ordenada, para assim o Santo Papa reconhecer a
importância que Bernadette teria dentro da instituição religiosa. “Naquele
momento, eu fiz a observação a todos os presentes de que eu não via aquilo como
um fenômeno natural”, Dr. Comte escreveu sobre a análise final.
Em 8 de Dezembro de 1933, no dia da festa da Imaculada
Conceição, Bernadette foi canonizada pelo líder religioso, passando a ser
conhecida como Santa Bernadette Soubirous.
Uma caixa de cristal foi encomendada para abrigar o corpo
da Santa. As freiras da Ordem de Lourdes passaram uma camada de cera em
Bernadette. Seu corpo foi colocado na urna e, desde 3 de agosto de 1925 está
exposta na Igreja de Saint Gildard, em Nevers, na França. Ponto turístico para
fiéis e curiosos, que querem ver de perto o cadáver incorrupto da
religiosa, mesmo 141 anos após sua morte.
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