Diogo Alves nasceu na Espanha, em 1810. Algum tempo depois,
foi tentar a vida em Lisboa, onde passou a cometer crimes, ninguém sabe por
qual motivo. Historiadores dizem que ele era analfabeto e rude e que tinha uma
namorada, Gertrudes Maria, que o incentivava a cometer os delitos. Em 1836,
Diogo começou a matar. Seu lugar de ação era o Aqueduto das Águas Livres, um
sistema de captação e transporte de água construído no século 18 e que tem 58
km de extensão – seu ponto mais alto tem 65 m de altura. As vítimas eram
viajantes, comerciantes e estudantes que usavam um caminho estreito no alto do
aqueduto como atalho para o centro de Lisboa
Diogo surpreendia as vítimas, roubava seus pertences e as
matava, atirando-as do alto do aqueduto. Como eram pessoas pobres, a polícia
não se esforçava para investigar, e as mortes geralmente eram tratadas como
suicídios. Com o tempo, porém, os assassinatos de Diogo ficaram tão frequentes
que o caminho foi fechado devido à “onda de suicídios”. Alguns relatos dizem
que, antes mesmo de o aqueduto ser fechado, Diogo já atacava residências,
liderando uma gangue. Além de roubarem, eles matavam os moradores. Diferentemente
dos crimes do aqueduto, essas invasões domiciliares eram noticiadas nos jornais
e chamavam a atenção da polícia.
O que colocou Diogo definitivamente no radar das autoridades
foi o assassinato da esposa e dos dois filhos de um médico. As vítimas foram
amarradas, torturadas e depois sufocadas. “Roubo acompanhado de horroroso
assassinato” e “cruéis assassinatos de toda a família” foram estampados nas
páginas dos jornais. Diogo acabou reconhecido por testemunhas, preso e
condenado pela morte das três vítimas. Foi enforcado em fevereiro de 1841 no
que seria a última execução de uma pena de morte em Portugal. Os crimes do
aqueduto acabaram sendo atribuídos a ele, mas nunca foram devidamente
investigados. Especula-se que ele possa ter matado mais de 70 pessoas.
A morte não foi o final da história de Diogo. Na época,
estava em alta a frenologia, método que busca a determinação de características
da personalidade de uma pessoa por meio do estudo da anatomia de seu crânio.
Por isso, o médico José Lourenço da Luz Gomes pediu às autoridades para ficar
com a cabeça de Diogo para estudá-la. E conseguiu. A cabeça de Diogo foi
colocada no formol e permanece conservada até hoje. Ela está na Faculdade de
Medicina da Universidade de Lisboa.
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