sábado, 22 de outubro de 2016

WikiLeaks: Julian Assange pode estar desaparecido e até morto


Wikileaks abriu um enorme arquivo recentemente, e a única explicação para isto é que algo aconteceu ao Julian Assange. Há temores de que isto aconteceu porque Julian Assange, ou foi preso, ou esteja morto. Entenda mais a respeito desse assunto mais abaixo.

Os arquivos liberados silenciosamente contêm informações altamente secretas de todos os cantos do globo, inclusive centenas de arquivos relacionados às forças armadas dos EUA, ao Kremlin, a Israel, famílias reais, cientologia, sociedades secretas, corporações multinacionais, e até mesmo um arquivo ‘zipado’ de nome Steve Jobs HIV.

Numa demonstração de humor negro, todos os arquivos e pastas tiveram a data 01.01.1984 carimbada neles.

No passado, WikiLeaks tornou conhecida a existência do “botão de homem morto” de Julian Assange. Essencialmente, uma forma de desencorajar seu assassinato, sendo que um enorme ‘baú’ de segredos seriam automaticamente publicados se Assange fosse detido ou morto. Esse botão funcionaria na verdade como uma checagem, caso Assange não entrasse no sistema para inserir sua senha de tempos em tempos ele seria considerado desaparecido e os arquivos liberados automaticamente.

Diferentemente das liberações normais do WikiLeaks, a conta oficial no Twitter não mencionou a abertura de uma pasta para o público, aumentando a suspeita de que isto tenha sido uma liberação automática.

Temores sobre a segurança de Assange têm crescido desde domingo (16-10-16), quando o governo dos EUA pressionou o Equador a cortar o acesso do fundador do WikiLeaks à Internet. No dia seguinte, uma série anormal de mensagens enigmáticas no Twitter foi liberada pelo WikiLeaks, causando temor que o ‘botão de homem morto’ havia sido ativado.

A liberação da enorme pasta de documentos, expondo segredos dos poderosos de todos os cantos do mundo, é sem precedentes. WikiLeaks geralmente libera arquivos em lotes altamente divulgados de antemão, acompanhados por uma campanha de imprensa.

Lembrando que as liberações de WikiLeaks podem sempre conter coisas relacionados ao fenômeno dos OVNIs  e teorias da conspiração.

Equador admite ter limitado acesso de Julian Assange à internet

O Governo do Equador admitiu, no dia 19 de outubro, que restringiu de forma temporária o acesso ao sistema de comunicação da sua embaixada em Londres, onde está exilado o fundador do Wikileaks, Julian Assange.

"O Governo do Equador respeita o princípio de não-ingerência nos assuntos de outros países, não se imiscui em processos eleitorais em curso, nem apoia nenhum candidato em especial", refere, em comunicado, a embaixada do Equador.

WikiLeaks revelou que o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, pediu ao Equador para evitar que o Wikileaks divulgue informação classificada sobre a candidata à Casa Branca Hillary Clinton sobre as negociações de paz entre o Governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

Harrisville: A História Real do Filme “Invocação do Mal” fillme disponivel final do post.

 Ed e Lorraine Warren

Ed e Lorraine Warren são um casal que investigam atividades paranormais desde o início da década de 50. Foram eles que investigaram o caso de Amitvylle, onde foram reconhecidos como os primeiros investigadores paranormais a pisar na cena.  Invocação do Mal (The Conjuring) que foi lançado em 2013, foi baseado na família Perron e sua fazenda assombrada em Harrisville, Rhode Island.  Segundo os Warren essa foi a investigação mais intensa e perturbadora,  ficando o caso conhecido como “Harrisville Haunting” (“Assombração em Harrisville”) ou “Perron Haunting Family” (“Assombração da Família Perron”).  Roger Perror, sua esposa Carolyn, e suas cinco filhas Andrea (Annie), Nancy, Chrintine, Cindy e April sofreram uma década de tortura por parte dos espíritos que ocuparam sua casa de campo
  

Quando as assombrações começaram
A família Perron comprou sua casa dos sonhos no inverno de 70 com o intuito de fazer as crianças terem uma vida mais tranquila no campo. A velha fazenda Arnold tinha quase 81 mil metros quadrados e possuía uma das plantações originais na área levantada pelo colono John Smith em 1680 e transferida a Roger Williams para a formação do estado de Rhode Island. A casa de campo, localizada na estrada Round Top em Harrisville, foi construída em 1736 e possuía 10 cômodos, o suficiente para as crianças brincarem e se divertirem.  Nancy e Christine Perron compartilhavam um quarto, Cindy e April outro, e Andrea tina um quarto só pra ela – exceto nas noites em que, como diz Andrea, as irmãs “vinham rastejando até sua cama, tremendo e chorando de medo”. Desde o primeiro dia em que pisaram na casa nova perceberam que algo estava errado. Mais tarde descobriram que oito gerações de famílias viveram e morreram na Velha Fazenda Arnold, incluindo a Sra. John Arnold, que com 93 anos se enforcou nas vigas do celeiro. Também aconteceram suicídios (enforcamentos, envenenamentos), estupro, assassinato não solucionado de uma menina de 11 anos de idade, Prudence Arnold; dois afogamentos no riacho localizado perto da casa, quatro homens que misteriosamente congelaram até a morte naquelas terras. Foi aí que os Perron entenderam porque o vendedor anterior lhes aconselhou: “Deixem as luzes acesas durante a noite”
Os fantasmas
No começo, os fantasmas eram inofensivos e descritos como opacos ou pouco sólidos na aparência. Um fantasma cheirava as flores enquanto o outro ia gentilmente dar um beijo de boa noite nas meninas em suas camas (todas as noites).  Outro parecia ser um jovem garoto que as meninas viam hipnotizadas enquanto ele empurrava carrinhos de brinquedo pelo quarto.
Os Perron sempre ouviam o barulho de alguém varrendo que vinha da cozinha. Quando entravam no cômodo, encontravam a vassoura que tinha sido movida para um local diferente de onde costumavam deixar, com um belo monte de terra recém-varrido no meio do chão, esperando para ser depositado na lixeira.
“Manny” era um espírito que as crianças Perron amavam. Acreditavam que ele seria o espírito de Johnny Arnold, que cometeu suicídio enforcando-se no sótão da casa em 1700.
 “Manny aparecia diante das crianças, muitas vezes em pé, assistindo silenciosamente suas atividades diárias, matinha um sorriso torto no rosto, divertindo-se com as brincadeiras das crianças. Se fosse feito contato visual com Manny, ele sumia tão repentinamente como tinha aparecido.”
Não eram só fantasmas que os Perron testemunharam. Eles também viram outros fenômenos estranhos e inexplicáveis.
“Camas levitavam alguns centímetros do chão, um aparelho de telefone pairava no ar e caiu bruscamente batendo na base do telefone quando alguém entrou na sala, e vários objetos plainavam pela casa por conta própria. Muitas vezes, cadeiras eram puxadas de repente debaixo de um convidado desavisado e fotografias caiam das paredes”
Os Perron também contaram terem visto uma vez um sangue alaranjado que vazava de uma parede e dissolvia do nada.

Os não tão agradáveis
Acontece que nem todos os fantasmas eram agradáveis. Alguns puxavam pernas e os cabelos das meninas no meio da noite. Outros batiam na porta da frente da casa com tanta força que toda a casa tremia. Algumas portas se fechavam sozinhas enquanto outras permaneciam congeladas no lugar, impossíveis de serem fechadas, não importando quanta força fosse aplicada a elas. Uma entidade na casa mantinha rotineiramente a família acordada, pois choramingava continuamente no meio da noite: “Mamãe! Mamããããe!”enquanto outra aparição torturava Cindy de 8 anos de idade dizendo-lhe sem parar: “Há sete soldados mortos enterrados na parede”.  Os Perron também se lembram de um pequeno e delicado espírito, que parecia ter cerca de 4 anos, vagando pela casa chorando, chamando pela mãe.
Cama de uma das garotas
Havia um que de tão mal a família Perron não revelou o que ele fez com eles. Andrea Perron escreveu uma trilogia (“House of Darkness, House of Light” I, II e III) sobre suas experiências na casa. Nesse livro ela dá a entender que o espírito ruim não mencionado molestava alguma das meninas. Quando perguntada sobre isso durante uma entrevista ela evitou a questão, respondendo:
“Vamos apenas dizer que havia um espírito masculino muito ruim na casa -com cinco garotinhas”
Andrea Perron atualmente

O pior de todos: Bathsheba Sherman
Esse era um dos fantasmas mais horríveis da casa e tinha como alvo específico a Sra. Perron. A entidade é possivelmente o fantasma de Bathsheba Sherman, que segundo o que contam foi uma bruxa praticante do satanismo que tinha vivido na casa no início do século 19 e morreu ali depois de se enforcar em uma árvore atrás do celeiro. Como a família Perron não era muito religiosa, isso acabou sendo um fator primordial para a natureza particularmente violenta e ativa de Bathsheba. Essa teoria for reforçada quando se soube que o único morador anterior a não relatar quaisquer ocorrências estranhas na casa era um pastor de uma igreja local. Olha o que Lorraine Warren disse sobre isso:
“Você só tem sua fé como sua proteção. Eu sempre tive a minha fé. Deus me protegendo me permitiu fazer isso. Naquele momento particular, os Perron não tinham religião – e isso foi muito perigoso. “
O túmulo quebrado de Bathsheba Sherman.
Bathsheba era descrita como tendo um rosto “semelhante a uma colmeia de abelhas desidratada” coberto de teias de aranha. Sua cabeça era “inclinada para um lado”, como se seu pescoço tivesse sido quebrado e um mal cheiro impregnava o quarto quando ela estava presente.
“Bathsheba Thayer nasceu em 1812 em Rhode Island e se casou com Judson Sherman em 10 de março de 1844. Quando viva, Bathsheba viveu uma vida de solidão, excluída da comunidade em que vivia depois de ser acusada de matar seu bebê como um sacrifício a Satanás. O corpo do bebê foi encontrado com um objeto pontiagudo espetado na cabeça. Na falta de provas, o caso foi abandonado. Acredita-se que Bathsheba tenha tido outros três filhos, sendo que todos morreram antes de completar 4 anos. Seus filhos podem não ter sido suas únicas vítimas. Bathsheba também era conhecida por ter brutalizado seus funcionários, deixando-os muitas vezes passando fome e os agredindo por pouca coisa. Quando Bathsheba morreu em 25 de maio de 1885, o médico legista escreveu que nunca tinha visto nada parecido – seu magro corpo tinha se solidificado assustadoramente, aparentemente se transformando em pedra.”
Ela torturava Carolyn Perron (uma das filhas, Cindy, também foi alvo), enquanto cobiçava o Sr. Perron. Quando ele estava em casa, aparelhos quebravam com frequência e então ele levava no porão para consertar. Nesse momento, ele sentia Batsheba tocá-lo, acariciando seu pescoço ou passando as mãos em suas costas. Assim ficou obvio porque ela queria Carolyn fora da casa.
Olha o que um artigo de agosto de 1977 no jornal local escreveu:
“A Sra. Perron disse que acordou uma manhã antes do amanhecer e encontrou uma aparição ao lado de sua cama: a cabeça de uma velha pendurada de um lado sobre um velho vestido cinza. Havia uma voz reverberando: ‘Saia. Saia. Eu vou levá-la para fora com morte e tristeza.´
Carolyn fora beliscada, estapeada, e teve objetos jogados sobre ela. Seu maior medo, fogo, logo foi descoberto pela entidade e usado repetidamente para aterrorizá-la, Bathsheba batia tochas contra sua cama, enquanto exigia que ela deixasse a casa imediatamente.
Conforme o tempo passava, os ataques ficavam piores. Como por exemplo, um dia Carolyn estava deitada no sofá, quando sentiu uma dor aguda na panturrilha. Ela examinou a perna e encontrou um grande ferimento sangrando que parecia “como se uma agulha de costura grande tivesse espetado sua pele”. Mais tarde, após frustradas ameaças para que Carolyn deixasse a casa, Bathsheba tomou um rumo diferente e tentou invadir Carolyn por dentro. Acreditando que Carolyn tinha sido possuída, os Perron chamaram os investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren para ajudá-los.
Carolyn Perron

Ed e Lorraine Warren entram em ação
Ed e Lorraine Warren são considerados como “os investigadores para normais originais” (farei uma matéria só sobre eles depois). Durante décadas eles ajudaram a investigar assombrações e possessões demoníacas em todo o país. Muitas vezes conseguiram convencer o Vaticano a realizar os exorcismos. Os Perron ouviram falar dos Warren após uma de suas muitas palestras públicas e insistiram com eles para ajudar a salvar sua mãe. A essa altura, acreditava-se que Bathsheba já havia possuído Carolyn perron fisicamente, e disso Ed Warren não poderia discordar.
A filha, Andrea Perro, se lembrou da noite em que o exorcismo ocorreu:
“A noite em que pensei que veria minha mãe morrer foi a noite mais terrível de todas. Ela falou com uma voz que nunca tínhamos ouvido antes e uma força que não é deste mundo a jogou a 6 metros de distância em outra sala “.
A verdadeira história da família Perron terminou de forma diferente da retratada no filme “Invocação do Mal” (The Conjuring):
“Na realidade, os Warren não tiveram sucesso na tentativa de libertar a família Perron de seu tormento infernal. Carolyn Perron lembrou da “terrível noite” e explicou que, apesar das intenções dos Warren serem boas, eles perceberam que as coisas “pioraram em torno deles”. Como a situação ficou fora de controle, Roger Perron exigiu que os Warren deixassem o local imediatamente.”
 A fuga
Os Perron perceberam (com exceção do pastor de uma igreja local e sua família) que todos os antigos ocupantes relataram fenômenos sobrenaturais na propriedade.
 “Na verdade, o proprietário anterior aos Perron tinha contratado um empreiteiro para reformar a casa. O empreiteiro estava totalmente ativo na reforma da casa, quando de repente ele parou de trabalhar e simplesmente fugiu. Relatos dizem que ele saiu da casa aos gritos deixando para trás suas ferramentas e seu carro. Os proprietários acabaram nunca se mudando e a casa permaneceu vazia por vários anos antes da família Perron descobrir que ela estava no mercado.”
Por questões financeiras, os Perron tiveram que ficar no local por 10 longos anos. Incapazes de fugir, eles suportaram a inconveniência dos espíritos “amigáveis” e a tortura dos fantasmas malévolos. Somente em 1980, por insistência de Carolyn, os Perron estavam financeiramente capazes de desocupar a casa. Eles se mudaram para a Geórgia.

Atuais Proprietários
“De acordo com Andrea Perron, a atual proprietária Norma Sutcliffe, que comprou a casa em 1983, afirmou que ela, seu marido Gerry, e vários visitantes da casa tiveram experiências paranormais na casa da fazenda, incluindo a porta batendo no hall de entrada, sons de pessoas conversando em outra sala, o som de passos correndo ao redor da casa, além de um estranho e distinto caso: a cadeira de seu marido começou a vibrar na sala de estudos. Eles também afirmam que testemunharam uma luz azul brilhante “disparar através do quarto”, uma “névoa” flutuando pelos cômodos da casa, e vibrações nas paredes tão intensas que sentiam que a casa iria desmoronar. Vários visitantes de sua casa relataram a visão de uma mulher idosa, com coque no cabelo, movendo-se em silêncio por toda a casa.”
O filme Invocação do Mal de James Wan (que também fez Insidious, aqui no Brasil com o título “Sobrenatural”) foi baseado nos fatos que cercam a Assombração em Harrisville. O roteiro teve base nos arquivos pessoais dos Warren e nas informações que Carolyn Perron forneceu aos produtores. Lorraine Warren atuou como consultora durante as filmagens e apareceu no set para oferecer orientação enquanto o filme estava sendo filmado.
“Observou-se que a atividade paranormal na casa dos Perron se concentrava no quarto de Carolyn e na sala de estudos localizadas diretamente abaixo do quarto. Curiosamente, abaixo da sala de estudos, localizado no porão da casa, existe um antigo poço. A água foi muitas vezes utilizada pelos espíritos para atormentar a família (Sanitários esguichando, lavadoras ligando, torneiras abertas etc) e eles começaram a se perguntar se alguma história violenta estava associada ao velho poço. Até agora, esta questão permanece sem resposta.”
A casa da Fazenda Arnold por volta de 1885: É possível que a suposta Bruxa Bathsheba Sherman esteja nesta foto?
“A foto acima mostra a casa da família Perron no ano de 1885, quando ainda era a Fazenda dos Arnold. Embora seja possível que a suposta bruxa Bathsheba Sherman esteja nesta foto já que ela morava na fazenda vizinha, também é possível que ela já estivesse morta no momento em que esta foto da Fazenda Arnold foi tirada. A mulher que está à esquerda do centro da foto, parece estar usando uma máscara cirúrgica. É provável que ela esteja tentando se proteger de uma das epidemias de bactérias da época, possivelmente difteria, tuberculose ou gripe. Vários vídeos e sites têm apresentado essa mulher da foto como sendo possivelmente Bathsheba. Essa ideia teve origem a partir de um vídeo feito para promover o livro “House of Darkness House of Light” de Andrea Perron, a mais velha das irmãs Perron. No entanto, o vídeo não faz nenhuma afirmação direta de que a mulher é Bathsheba. Ele apenas amplia a imagem da misteriosa mulher como uma sugestiva tática promocional quando se menciona a bruxa acusada. Também não foram encontradas evidências que provem o contrário, além disso não seria fácil para ninguém saber ao certo a identidade da mulher mascarada. Ela era a figura mais provável a ser escolhida na foto porque é a que mais se destaca e é também a mais estranha figura da foto, com olhar perdido e isolada de todos.”


Harrisville, Estados Unidos. Um casal (Ron Livinston e Lili Taylor) muda para uma casa nova ao lado de suas cinco filhas. Inexplicavelmente, estranhos acontecimentos começam a assustar as crianças, o pai e, principalmente, a mãe. Preocupada com algumas manchas que aparecem em seu corpo e com uma sequência de sustos que levou, ela decide procurar um famoso casal de investigadores paranormais (Patrick Wilson e Vera Farmiga), mas eles não aceitam o convite, acreditando ser somente mais um engano de pessoas apavoradas com canos que fazem barulhos durante a noite ou coisas do gênero. Porém, quando eles aceitam fazer uma visita ao local, descobrem que algo muito poderoso e do mal reside ali. Agora, eles precisam descobrir o que é e o porquê daquilo tudo acontecendo com os membros daquela família. É quando o passado começa a revelar uma entidade demoníaca querendo continuar sua trajetória de maldades.

Galera vamos manter esse torrent ativo mantendo o seed semeando .

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Zumbis do Haiti e os feiticeiros. filme raro disponibilizado final do post. (The Serpent and the Rainbow 1988)


Zumbis existem de verdade? Nem tente bancar o cientificamente correto aqui e dizer que eles não existem, porque a história que vamos contar para você a seguir pode mudar suas convicções. Portanto, antes de qualquer coisa, abra a cabeça – não precisa ser literalmente.
O haitiano Clairvius Narcisse ficou muito doente em 1962, tendo vivido momentos de febre, dor intensa e relatado a sensação de mosquitos perfurando sua pele. Isso sem falar na extrema dificuldade que sentia para respirar. Ele então foi levado ao hospital, onde foi atendido por dois médicos, mas, pouco tempo depois, foi declarado morto. O velório foi breve e o enterro foi logo realizado.
Narcisse, no entanto, disse nunca ter morrido de verdade. O que aconteceu foi que ele acordou, meio perturbado, dentro de um caixão e enterrado. O haitiano acredita que foi envenenado e vítima de algum tipo de feitiço. Na noite seguinte, ele foi exumado por um shaman vudu e levado a um lugar desconhecido. Detalhe: ele recebeu uma mistura que o deixava em estado de zumbi.
Depois disso, Narcisse afirma ter se tornado um escravo, sendo forçado a trabalhar dia e noite em uma plantação de cana-de-açúcar – todos os dias, ele e os outros presos recebiam a mesma mistura que os transformavam em trabalhadores-zumbis. Seria esse o plano mais macabro de todos os tempos?

O fato é que os presos foram liberados em determinado momento e Narcisse afirma ter passado 18 anos vagando pelas ruas, procurando sua família, que a essa altura tinha absoluta certeza de sua morte. Em 1981, enquanto vagava por um vilarejo, Narcisse reconheceu sua irmã e ela também o reconheceu – pelo menos foi isso o que deu para entender pelos gritos assustados e altos que ela deu. Ele convenceu a irmã de que era ele quando usou um apelido que apenas a família conhecia.
Narcisse aponta para o próprio nome em seu túmulo.
Os vizinhos também reconheceram Narcisse e logo um médico psiquiatra foi chamado para ajudar a entender o acontecido. O haitiano respondia a todas as perguntas pessoais e da família sem o menor problema. Quando todos confirmaram mesmo que Narcisse era Narcisse, a imprensa internacional logo apareceu para cobrir a história mais do que bizarra.
Além do médico e da imprensa, um pesquisador de Harvard, Wade Davis, demonstrou muito interesse em estudar o caso. Davis, um especialista no uso de plantas por seres humanos, afirmou que o haitiano poderia mesmo ter sido obrigado a usar alguma substância que o deixasse sedado e subordinado.
O pesquisador explicou ainda que uma toxina conhecida como TTX pode deixar o corpo de uma pessoa em estado de morte – quando alguém ingere essa toxina, fica catatônico e com pouquíssimos sinais vitais. No Haiti, o TTX pode ser encontrado em uma espécie de sapo.
Davis acredita que a substância responsável por deixar Narcisse alucinado e trabalhando como escravo por tanto tempo é uma toxina conhecida como Datura stramonium. E aí, o que você acha dessa história completamente maluca? O caso nunca foi completamente desvendado.


O caso Felícia Felix-Mentor

Em 1936, um corpo com andar cambaleante, vestido apenas com uma bata branca, surge no horizonte de um estrada suja, perto da capital do Haiti, Porto Príncipe.


Pessoas correram para ajudar e levaram a estranha mulher para o hospital. Constatou-se que ela era surda, cega e muda, mas reagia a estímulos e movimentava a cabeça freneticamente. Quem seria esta mulher? A identidade seria revelada quando seu mariado e irmão a reconheceram. Era Felícia Felix-Mentor. Mas não podia ser! Ela estava morta, e foi enterrada em 1907.

A única explicação possível que o médico pode dar foi "zumbi".

Este caso foi investigado e documentado pela escritora norte-americana Zora Neale Hurston, uma cética severa que encontrou e fotografou a garota "morta", e saiu convencida de ela ser uma vítima genuína dos Bokors, os feiticeiros vodus que praticam a magia negra. Este foi um caso que Hurston nunca mais esqueceria.

Zora Neale Hurston
"As visão foi terrível. Aquele rosto imóvel, com os olhos mortos. As pálpebras eram brancas em torno dos olhos, como se tivessem sido queimadas com ácido. Não existia nada que você pudesse dizer a ela ou retirar, exceto olhar para ela, e a visão de sua ruína era demais para suportar por muito tempo."



Essa estória foi abordada no filme "A Maldição dos Mortos-Vivos" (The Serpent and the Rainbow - dirigido por Wes Craven - 1988), onde o tema eram os "mortos-vivos", não pela versão do fantástico, mas sim pelo lado científico e baseado em fatos reais. O filme foi baseada no livro do explorador Wade Davis, chamado "The Serpent and the Rainbow".

Wade Davis e o projeto Zumbi

O etnobotânico Wade Davis não gosta de ser chamado de “zumbiólogo”. Ainda assim este cientista canadense que hoje trabalha como explorador da “National Geographic” é um dos raros acadêmicos que se dedicou a entender o que há de verdade naquilo que conhecemos como zumbis.

O etnobotanista Wade Davis em foto tirada no Haiti no início dos anos 1980
Em quatro anos de pesquisa na década de 1980 – três dos quais vividos no Haiti, berço do mito contemporâneo dos zumbis –, Davis afirma ter encontrado “um veneno que faz alguém parecer que está morto, mesmo que esteja vivo”. A poção, produzida por feiticeiros vodus a partir da toxina de um peixe nativo misturada a ervas alucinógenas e restos humanos como ossos e pele, seria o elemento central no processo de zumbificação, prática que iria bem além da simples magia negra, defende o cientista, mas que funcionaria como punição social dentro da cultura e dos costumes da religião vodu.




Suas conclusões foram registradas em dois livros “Passage of darkness: the ethnobiology of the Haitian zombie”, de 1988, resultado da tese de doutorado de Davis em Harvard, e “A serpente e o arco-íris”, lançado no Brasil pela Jorge Zahar em 1986, e que ganhou uma adaptação para o cinema no ano seguinte pelas mãos de Wes Craven, de “A hora do pesadelo” , da qual o autor não quer nem ouvir falar.

“O que minha pesquisa tenta sugerir não é que exista uma linha de produção de zumbis no Haiti, mas que o conceito se baseia em algo real”, argumenta Davis em entrevista por telefone ao G1 no ano de 2010. “[Na lenda] um zumbi é alguém que teve sua alma roubada por um feitiço e que fica capturado em um estado de purgatório perpétuo e que acaba sendo mandado para trabalhar como escravo em plantações. Hoje sabemos que não há nenhum tipo de incentivo para criar uma força de escravos-zumbis no Haiti, mas dada a história colonial aliada à ideia de perder a sua alma – o que significa perder a possibilidade de ter uma morte digna para o voduista –, tornar-se um zumbi é um destino pior do que a morte”, explica.

Leia a seguir trechos da entrevista concedida por Davis de sua casa, em Washington DC.

Descobri só há pouco que um de seus livros, “A serpente e o arco-íris”, também já foi transformado em filme... 
Wade Davis - Sim, infelizmente.Foi uma dessas coisas em que eles prometem um diretor e depois aparecem com outro. Nesse caso me prometeram Peter Weir ["O ano que vivemos em perigo", "A testemunha", “Sociedade dos poetas mortos”, “O show de Truman”] e achei que ele seria um ótimo diretor para aquele livro em especial. Mas ele não podia fazer porque tinha acabado de fazer um filme e precisava descansar. E, sendo um jovem escritor, você sabe que não tem muito controle sobre o processo, infelizmente.

Qual é sua opinião geral sobre os filmes de Hollywood que tratam de zumbis? 
Davis – É preciso voltar ao porquê de termos essa ideia de vodu como magia negra. Se você se perguntar sobre as grandes religiões do mundo – budismo, judaísmo, cristianismo, islamismo – haverá sempre um continente deixado de fora, a África. Afora os países islâmicos, o que se assume é que os africanos não tem religião, mas é claro que têm. Quando os africanos foram trocados como escravos, eles trouxeram suas crenças religiosas e, dependendo de aonde as pessoas foram levadas, nas diferentes circunstâncias históricas, formas diferentes de religião se desenvolveram. Você tem a santeria nos países de colonização hispânica como Porto Rico, Cuba e República Dominicana, tem o candomblé no Brasil e o vodu no Haiti. Vodu não é magia, mas uma forma complexa e metafísica de ver o mundo. É uma religião dinâmica e viva em que os seres humanos entram em contato com os mortos e se tornam os espíritos e múltiplas expressões de Deus.

E de onde se tirou essa ideia de o vodu ser demoníaco? Em primeiro lugar, o Haiti era a única nação negra independente por cem anos. Os haitianos costumavam comprar navios de escravos que iriam para os EUA e dar-lhes liberdade no Haiti. O país deu dinheiro a Simon Bolívar em suas lutas de liberação na Gran Colômbia. Mas em 1915 o Exército americano ocupou o Haiti. Era época da segregação, e a maioria dos soldados eram homens sulistas, crescidos em meio ao racismo, e todos, do cabo ao sargento, acabaram assinando contrato para escrever um livro. E os livros que saíam tinham títulos como "Fogo vodu no Haiti", "Aparição na terra vodu" ou "A ilha mágica", todos cheios de crianças que eram levadas para o caldeirão e zumbis se levantando dos túmulos para atacar pessoas. Foram essas histórias que deram origem aos filmes de Hollywood da RKO dos anos 1940. Esses livros e filmes terríveis diziam essencialmente aos americanos que qualquer país onde coisas terríveis assim acontecem precisam de redenção pela ocupação militar.

Portanto, o sr. está dizendo que o preconceito marcou esses primeiros filmes? 
Davis - Nenhuma dessas coisas era consciente. Não significa que alguém em Hollywood tenha dito: “vamos pegar os negros”. Era um período de segregação. Mas, por sinal, isso não foi embora. Você deve ter ouvido falar que o fundamentalista cristão e ex-candidato ao governo dos EUA Pat Robertson, na semana passada, culpou os haitianos pelo terremoto, dizendo que a tragédia é resultado de um pacto que eles teriam feito com o diabo na época da revolução. É difícil imaginar algo mais ignorante, cruel e insensível sendo dito por qualquer um.

De todo modo, os primeiros filmes de Hollywood, da década de 30 e 40, pareciam estar mais afinados com os relatos de zumbis haitianos – seres que tinham sido declarado mortos, enterrados e depois trazidos de volta à vida sem vontade própria por um feiticeiro vodu. Não eram as hordas de comedores de carne humana em que se transformaram os zumbis do cinema a partir dos anos 60. 
Davis – O que minha pesquisa tenta sugerir não é que exista uma linha de produção de zumbis no Haiti, mas que o conceito se baseia em algo real. [Na lenda] um zumbi é alguém que teve sua alma roubada por um feitiço e que fica capturado em um estado de purgatório perpétuo e que acaba sendo mandado para trabalhar como escravo em plantações. Hoje sabemos que não há nenhum tipo de incentivo para criar uma força de escravos-zumbis no Haiti, mas dada a história colonial aliada à ideia de perder a sua alma – o que significa perder a possibilidade de ter uma morte digna para o voduista –, tornar-se um zumbi é um destino pior do que a morte. É por isso que no Haiti não se teme os zumbis, mas se tornar um zumbi. 

O que minha pesquisa faz é perguntar quais são as ramificações dessa ideia. Seria possível existir um veneno que fizesse as pessoas aparentarem estar mortas para depois tornarem ao mundo dos vivos? Se isso existisse, talvez tivesse implicações médicas importantes. Esse veneno foi citado na literatura e nas lendas do povo, e há de fato um veneno no Haiti que tem um ingrediente que sabemos cientificamente que pode fazer precisamente isso: fazer alguém parecer que está morto, mesmo que esteja vivo. Mas fui procurar a base química do evento e acabei explorando o lado social, psicológico, político e cultural das possibilidades químicas. Sabemos de sociedades secretas na África Equatorial que, por uma função política tradicional, punem as pessoas com venenos. No Haiti também há sociedades secretas no campo que aparentam ter uma função política e que fazem a mesma coisa. Minha conclusão foi que a noção de zumbi, como sendo um destino pior que a morte, era de certa forma a punição maior para quem violasse as regras de uma cultura tradicional.

E os primeiros filmes tentavam refletir isso. Em partes por influência de uma folclorista maravilhosa chamada Zora Neale Hurston, que [nos anos 30] escreveu o livro "Tell my horse", em que basicamente diz tudo isso sobre zumbis. Acho que os primeiros filmes de Hollywood de certa forma espelhavam o que Zora estava escrevendo. Mas então os zumbis se tornaram parte do gênero mais amplo dos filmes de horror, junto com múmias e fantasmas... Mas isso de certo modo reflete todas as nossas obsessões com a morte e a incerteza sobre o que ela representa, o pesadelo terrível da morte voltando para assombrar os vivos. Acho que os filmes de Hollywood, terríveis como podem ser, refletem uma fascinação geral humana por essa noção.

É possível afirmar que o conceito de zumbi como uma pessoa trazida de volta à vida sob o comando de um mestre é algo genuinamente haitiano? O zumbi haitiano é o “original”? 
Davis - Uma das coisas que nunca investiguei a fundo é que o peixe que contém a toxina que identifiquei [como fundamental no preparo do veneno] existe também em águas de rios da África Equatorial. Mas acho que uma das coisas que aconteceu nas Américas é que, para onde que fossem os africanos, eles estavam sujeitos a vários tipos de influências. E uma das coisas que é bastante única no Haiti é que, diferentemente da Jamaica que foi colônia britânica até 1963, o Haiti era um país independente desde 1804. E depois da revolta dos escravos um certo manto de isolamento cobriu o Haiti, até a igreja foi expulsa. Enquanto no século XIX lugares como Brasil ou Jamaica ou o Sul dos EUA eram expostos à cultura europeia, o Haiti já estava isolado, e formas africanas persistiram no Haiti de forma significativa. Claro que há influências da Europa, da Igreja Católica, o [idioma] francês se tornou o creole, mas o isolamento e a influência da África fizeram do Haiti único. Embora outras culturas, como o candomblé no Brasil, tenham noções de possessões de espíritos e o senso fundamental de adoração de ancestrais, o zumbi, na minha experiência, é algo unicamente haitiano.

No Brasil também temos nosso Zumbi dos Palmares, um líder negro das revoltas escravas, mas que não parece ter a ver com a noção de zumbi dos haitianos. 
Davis - É sempre perigoso dizer porque as palavras podem ser usadas de múltiplas maneiras. Há várias origens diferentes para a palavra zumbi e não se sabe claramente qual é a correta. Vodu é só uma forma de dizer “espírito de deus”. Não se esqueça também que houve muito contato entre os caribenhos e o Brasil naquela época, claro. A revolta bem-sucedida dos escravos no Haiti ficou conhecida e provavelmente também incentivou os brasileiros assim como os americanos a fazerem as suas.

Seus livros foram publicados na década de 80. Desde então deu seguimento à pesquisa? 
Davis - Eu nunca me vi como um expert em vodu. Estava trabalho na região amazônica como botânico e antropólogo quando recebi convite para ir ao Haiti pesquisar os zumbis. Esse acabou se tornando o tema do meu doutorado em Harvard, fiz os livros, mas no final o filme foi tão ruim, se tornou tão controvertido... Um amigo professor uma vez chegou até a mim e disse, brincando, você quer se tornar um zumbiólogo, quer passar o resto da vida defendendo essa hipótese e correndo pelo Haiti procurando zumbis? Eu ri e disse que não. Passei três anos no Haiti e quatro anos no total pensando sobre vodu e escrevendo os dois livros, realmente já disse tudo o que eu queria dizer. Tinha muito mais interesse em questões gerais de cultura, e já tendo estado no Haiti queria ir pra outro lugar. Era hora de mudar. Escrevi mais 14 outros livros, fiz outros filmes e agora sou um explorador pela ”National Geographic”, celebrando as maravilhas das outras culturas. O que eu sempre quis fazer é tentar expôr os equívocos que temos sobre o outro. E foi isso que tentei fazer no Haiti.

Durante o tempo em que passou lá, você fez diversos amigos no Haiti. Teve notícias deles após o terremoto recente em Porto Príncipe? Acha que a religião vodu teria uma resposta diferente a eventos como esse? 
Davis - Sim. Um dos meus amigos é uma figura importante em “A serpente e o arco-íris”. Mas ele e sua família estão bem. Os africanos dizem que nenhum evento tem uma vida própria sua, e tenho certeza de que haverá fortes consequências psicológicas. Mas isso acontece em qualquer cultura. Todos se fazem a pergunta fundamental: por que nós, por que agora, por que isso aconteceu depois de tudo o que passamos? Afinal, era isso que os americanos estavam se perguntando depois dos ataques de 11 de setembro: por que eles nos odeiam? Por que isso está acontecendo? Acho que essa é uma resposta bastante universal para cataclismas tão inesperados. Mas uma coisa importante para a comunidade mundial se lembrar é o quanto Haiti já deu para o mundo.

Quando aquele homem horrível - Pat Robertson - disse aquilo sobre o terremoto e o pacto com o diabo, ele não estava só revelando sua loucura e crueldade mas também sua própria ignorância sobre a história americana. Se não fosse pela revolta dos escravos e patriotas haitianos, os americanos estariam provavelmente falando francês a oeste do Mississipi. Porque Napoleão no alto de seu poderio chegou a mandar um batalhão para ir ao Haiti, massacrar a revolta dos rebeldes, e então seguir até Nova Orleans, onde deveria derrotar as colônias espanholas e britânicas e restaurar o domínio francês. Os EUA devem uma boa parte ao Haiti por derrotar aquelas forças de Napoleão.

Agora é hora de a comunidade internacional se unir pelo Haiti. E há tanto que pode ser feito. Os haitianos sofreram por tanto tempo, e o incrível é que em tempos de escassez as pessoas voltam suas mentes para a imaginação. O Haiti é possivelmente tão interessante culturalmente quanto qualquer outro lugar nas Américas, essas pessoas têm uma reserva impressionante de espírito, de esperança e de poder. Só se espera que essa capacidade possa ser usada e não permaneça sob o domínio de oficiais corruptos. O que o Haiti precisa é de investimentos reais, não de piedade.

Lei proíbe a criação de zumbis no Haiti

"Os haitianos são 50% católicos e 100% praticantes do vodu", anuncia um militar brasileiro integrante das forças de paz que atuam na capital Porto Príncipe desde 2004. O misticismo dos habitantes da parte oeste da ilha de Hispaniola, no Caribe, é considerado tabu pela maior parte do mundo ocidental e pouco tem de relação com bonequinhos de pano alvejados de agulhas.



O vodu haitiano, de raízes na África, é largamente aplicado na nação caribenha, cuja miséria consistente a coloca com o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das Américas. Militares brasileiros que fazem parte da Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti) recordam terem recolhido nas ruas, no início da missão, corpos com tórax retalhado e olhos arrancados. Acreditam terem encontrado vítimas de sacerdotes voduístas bokors, que realizam magia negra.


Os mesmos militares relembram ainda terem colhido o depoimento de um padre italiano que foi sequestrado com uma noviça por supostos praticantes do vodu. A religiosa foi estuprada recorrentemente, inclusive com espetos e paus, em um suposto ritual religioso. As vítimas conseguiram fugir quando novos bandidos brigavam com os primeiros sequestradores pela posse dos reféns.


Para além dos rituais de morte e purificação, a mística voduísta tem também na transformação de seres humanos em "zumbis" um dos maiores temores para a sociedade leiga. Os haitianos acreditam que um zumbi é criado a partir da feitiçaria do sacerdote, que tomaria para si o "bon ange", ou a alma da pessoa. Para os estudiosos de práticas voduístas, no entanto, o estado de letargia dos supostos zumbis pode ser resultado da aplicação de tetrodotoxina, uma neurotoxina encontrada em espécies do peixe baiacu.

O artigo 246 do Código Penal haitiano chega a fazer referência ao envenenamento que tenha por objetivo produzir um "estado letárgico" na pessoa, principal característica dos ditos zumbis haitianos. "É classificado como envevenamento todo atentado à vida de uma pessoa por efeito de substâncias que podem levar à morte mais cedo ou mais tarde, de qualquer forma que essas substâncias tenham sido aplicadas ou administradas e quaisquer que sejam suas consequências.

Também será qualificado como atentado à vida de uma pessoa, por enevenamento, o emprego feito contra ela de substâncias que, sem levar à morte, irão produzir um estado letárgico mais ou menos prolongado, não importando a forma como essas substâncias tenham sido empregadas e quais sejam as consequências na vítima", diz a legislação do Haiti.

Se a maior parte da população haitiana praticava o vodu aliada a outras religiões, como o catolicismo, a situação pós-terremoto de 2010, quando pelo menos 220 mil pessoas perderam a vida, e o agravamento do surto de cólera no final do ano passado provocaram em parte de Porto Príncipe reações violentas contra sacerdotes do vodu.

Em casas cujos telhados estampam uma espécie de espantalho com farrapos vermelhos, pelo menos 40 sacerdotes foram assassinados, relata o embaixador do Brasil do Haiti, Igor Kipman. Parte da população atribuía a eles responsabilidade pela morte de mais de 3,3 mil pessoas vítimas do cólera.

Conhecendo um Terreiro de Vodu

Em 2011 uma equipe do iG esteve no Haiti e pode conhecer mais de perto um "Terreiro de Vodu". Abaixo os amigos e amigas poderão conferir essa reportagem e entender um pouco mais sobre os dois principais tipos de Vodu.

Vodu, magia negra, Haiti. Os três termos são sempre relacionados quando o assunto é uma religião que sincretiza tradições cristãs e africanas e que, apesar de reconhecida oficialmente na Constituição do país de 1987, atrai rumores de que incluiria sacrifícios humanos, transformação de pessoas em “zumbis” e até canibalismo.

Praticante do vodu, Marie Rosemarite, uma senhora de sorriso simpático, recebeu a reportagem do iG em sua casa marcada com o símbolo característico dos terreiros: uma bandeira do Haiti ou uma vermelha e preta, tremulando durante o dia, recolhida à noite.

Marie Rosemarite
O terreno, humilde, que serve também como orfanato, abriga o desconhecido. A escuridão da estrutura abalada no terremoto de janeiro de 2010 em Tabarre, bairro de Porto Príncipe, pede uma lanterna para ser visitada ao cair da tarde, substituída por dezenas de velas durante as cerimônias, que normalmente acontecem nas noites de sexta e domingo ou em datas específicas que, como na umbanda, não raramente coincidem com o calendário católico.

Por cuidar de crianças, a casa já recebeu ajuda dos brasileiros da Missão de Estabilização da ONU (Minustah, na sigla em francês). Mas, segundo um oficial brasileiro, alguns dos soldados teriam ficado assustados. Ele disse que, ao verem o que acreditaram ser um crânio humano, os militares contaram discretamente o número de crianças no local com receio de que fossem usadas em sacrifícios. O suposto crânio, porém, não foi visto pelo iG.

Questionada, Rosemarite afirmou que no terreiro do seu marido, que estava trabalhando no momento da visita da reportagem, não há sacrifício humano. Explicou que a modalidade de vodu praticada no local só inclui sacrifício de animais (bois, bodes e galinhas) em datas específicas, em oferendas às entidades.

“O nosso vodu é Franc Guinen, os outros, que envolvem sacrifício humano, são o Sampoil, Bizango e Makamba. Tem vodu que é direito, outros não, existem para fazer o mal. Nós sabemos que matam pessoas, mas não fazemos isso. O chefe do terreiro desse tipo de vodu se chama bruxo de duas mãos”, disse a senhora. Essas modalidades de vodu seriam praticadas, de acordo com os nativos, com mais frequência no norte do país e em Léogâne, ao sul de Porto Príncipe.

Dentro do local dos rituais


Sente-se um calafrio quando se entra em uma sala sem qualquer iluminação, onde estão os artefatos religiosos. Cada cômodo tem uma finalidade, um tipo de espírito a convocar.

Na primeira sala, uma estante coberta com um pano vermelho e outro branco. Em seguida, outra parecida, com um móvel coberto por pano vermelho. Por fim, uma com artefatos cor de rosa, a sala para trabalhos amorosos. Só é possível enxergar tudo isso após o flash da câmera ser disparado.


Depois surge uma sala maior, mas completamente destruída pelo terremoto. “Vamos entrar, mas não podemos ficar muito tempo aqui. É arriscado”, adverte Rosemarite, referindo-se ao perigo de colapso do local.

No canto esquerdo, um pequeno túmulo feito com um pedaço de telha e uma cruz de cimento. O teto côncavo, pintado de azul, realça um grande artefato de madeira, chamado “Tronco do meio”. É onde são convocados os espíritos mais fortes, explicou. O tronco, pontiagudo, traz duas serpentes entrelaçadas, também em madeira. Dali para frente, só escombros. Foi impossível continuar.


As datas do vodu


Rosemarite contou quais são algumas das datas importantes da religião. As principais são os dois primeiros dias de novembro, quando se realiza a “Festa dos Mortos”. Nela, sacrificam-se animais no terreiro.


Na véspera de Natal, 24 de dezembro, é preparado um banho de proteção para as crianças do orfanato. Em 6 de janeiro, há a “Festa do Papa Loco”, uma das entidades locais. Esse é o dia dos espíritos no vodu. Os dias 1º e 2 de maio são de “Cousin (primo) Zaka”, espírito que trabalha a terra e, por isso, usam-se frutas como oferenda. Em 24 de junho, celebra-se o dia de “Tijan Dantó”, equivalente a São João Batista no catolicismo.

As práticas e os sacrifícios


Com um pouco de hesitação, Rosemarite começa a responder perguntas sobre os sacrifícios do vodu. Apesar de reiterar que seu terreiro não faz sacrifícios humanos, reconhece que, em alguns casos, podem ser feitos trabalhos de “ataque”. “Por exemplo, se o marido troca sua mulher por outra e a ex-mulher pede um trabalho para reconquistar seu amado, fazemos uma cerimônia para ‘colocar fogo’ na casa (tornar a vida do novo casal insuportável) até que o marido volte para a mulher. Mas a gente não mata.”

Nas ruas do Haiti, ouvem-se rumores macabros, mas não há como comprovar até onde vão os boatos e começa a verdade.

Segundo alguns relatos, os sacrifícios humanos seriam realizados pelos “bruxos” de maior poder nos cultos. As vítimas seriam escolhidas na rua para serem mortas e terem olhos e corações extraídos. De acordo com o que relataram à reportagem, os órgãos seriam comidos e o sangue, bebido.

Caça aos bruxos


Embora o vodu no Haiti já tenha sido uma religião extremamente popular, começa a perder espaço para outras vertentes, como o evangelismo. Isso porque há uma rejeição dos haitianos a quem pratica o vodu para fazer o mal.

Entre militares e alguns haitianos comenta-se que alguns dos chefes de terreiro têm sido assassinados sob a acusação de recorrer a uma prática hedionda. Em vez de sacrifícios, usariam os chamados “lenços do cólera” para disseminar a doença, que deixou quase 3,9 mil mortos desde outubro no país.

“Cerca de 40 sacerdotes do vodu foram assassinados nos últimos meses. Parte da população acredita que eles foram responsáveis pela disseminação do cólera no país”, confirmou o embaixador do Brasil no Haiti, Igor Kipman.


Sinopse: Um antropólogo de Harvard é enviado ao Haiti para recuperar um estranho pó que dizem ter o poder de ressuscitar seres humanos. Na busca pela droga milagrosa, o cético cientista adentra o submundo oculto dos zumbis, dos rituais sangrentos e das maldições remotas. Baseado na experiência real de Wade Davis e filmado no Haiti, o filme retrata uma pavorosa excursão ao universo da magia e do sobrenatural.



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